terça-feira, 12 de novembro de 2013

Padilha, Etienne (OPAS) e Roberto Ojeda, Ministro da Saúde Pública de Cuba visitam USB em Pernambuco


O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, acompanhado da diretora da Organização Pan-Americana de Saúde(Opas), Carissa Etienne, e do ministro de Saúde Pública de Cuba, Roberto Ojeda, visitaram nesta segunda-feira (11) uma unidade de saúde beneficiada com profissional do Programa Mais Médicos no município de Jaboatão dos Guararapes (PE). A Unidade Básica de Saúde da Família Dois Carneiros Baixo I recebeu um dos 13 médicos cubanos que começam a trabalhar no município esta semana pelo programa. As autoridades acompanharam as atividades desenvolvidas pelo médico Nivaldo Rios Serrano junto aos pacientes na unidade. O intuito foi ver de perto o andamento do Mais Médicos, considerado pela Opas uma importante iniciativa para solucionar a falta de profissionais de saúde no país e alcançar a cobertura universal.
“Este é um posto novo, construído com recursos do Ministério da Saúde. Tinha dentista, enfermeiro, agente comunitário de saúde, mas não tinha equipe completa de médicos. Passa agora a ter equipe completa com médicos do Programa Mais Médicos”, disse o ministro Padilha. “Até março de 2014, vamos trazer pelo menos 700 médicos para Pernambuco, e terá um impacto muito importante na saúde do estado. Com o programa, vamos garantir que todo  município do semi-árido pernambucano tenha pelo menos um médico. A presença desse médico em unidades que já foram reformadas pelo ministério dará maior atendimento à população e vai ajudar que outras questões de infraestrutura sejam resolvidas”, declarou Padilha.
A escassez de recursos humanos em Saúde é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) um problema mundial. O tema está sendo debatido entre mais de 30 países esta semana em Recife (PE) no III Forum Global de Recursos Humanos. O evento – que foi aberto neste domingo (10) com a presença dos ministros Padilha e Ojeda e da diretora da Opas, além de outras autoridades internacionais – debate soluções para ampliar o número de profissionais de saúde para alcançar a cobertura universal.
A Opas e o Ministério da Saúde de Cuba são parceiros do governo brasileiro no Programa Mais Médicos. Por meio de um termo firmado entre a organização e o Ministério da Saúde brasileiro, em 21 de agosto, o Brasil está trazendo ao país profissionais cubanos para as vagas que não foram preenchidas por brasileiros e estrangeiros de outras nacionalidades na seleção individual.
O estado de Pernambuco conta com 249 médicos do programa, sendo 53 brasileiros e 196 médicos estrangeiros, em 83 municípios. Atualmente, em todo o país, 3.664 profissionais participam do programa, sendo 819 brasileiros e 2.845 estrangeiros. Esses médicos estão atendendo a população de 1.098 municípios e 19 distritos indígenas, a maioria deles no Norte e Nordeste do país. Com a chegada até 14 de novembro de mais 3 mil médicos cubanos, o programa fechará 2013 com mais de 6.600 profissionais.
Infraestrutura – O Ministério da Saúde já investiu em Pernambuco R$ 117,4 milhões para obras em 824 unidades de saúde e R$ 5 milhões para compra de equipamentos para 166 unidades. Também foram aplicados R$ 24 milhões para construção de 15 UPAs e R$ 101,3 milhões para reforma e construção de 40 hospitais.
Em todo o país, o Governo Federal está investindo, até 2014, R$ 15 bilhões na expansão e na melhoria da rede pública de saúde de todo o Brasil. Deste montante, R$ 7,4 bilhões já estão contratados para construção de 818 hospitais, 601 Unidades de Pronto Atendimento (UPAs 24h) e de 16 mil unidades básicas. Outros R$ 5,5 bilhões serão usados na construção, reforma e ampliação desses estabelecimentos e saúde, além de R$ 2 bilhões para 14 hospitais universitários
O programa – Lançado em 8 de julho pelo Governo Federal, o Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do atendimento aos usuários do SUS, com objetivo de acelerar os investimentos em infraestrutura nos hospitais e unidades de saúde e ampliar o número de médicos nas regiões carentes do país.
Os profissionais do programa recebem bolsa de R$ 10 mil por mês e ajuda de instalação pagos pelo Ministério da Saúde. Os municípios ficam responsáveis por garantir alimentação e moradia aos selecionados. Como definido desde o lançamento, os brasileiros têm prioridade no preenchimento dos postos apontados e as vagas remanescentes são oferecidas aos estrangeiros.

terça-feira, 5 de novembro de 2013

Cubanos do Programa Mais Médicos são recepcionados em Petrolina


Na última sexta-feira (01), o secretário Adjunto da Secretaria Municipal de Saúde de Petrolina (SMS), Tiago Sobreira, foi a Recife para receber e acompanhar os seis médicos intercambistas cubanos - do Programa Mais Médicos para o Brasil- a Petrolina que irão atuar em quatro unidades de saúde da zona rural do município.
 

Os profissionais foram recepcionados no aeroporto pela secretária de Saúde de Petrolina, Lucia Giesta, pela equipe da SMS, pelo tutor da UNIVASF Aristóteles Cardona e por um grupo de estudantes. Nesta acolhida calorosa, cartazes, faixas, flores sinalizavam o carinho com os profissionais que vêm compor a equipe da SMS e cuidar da população na Atenção Básica.


O estudante de Medicina, Felipe Augusto, acredita que profissionais médicos de outros países farão diferença na Atenção Básica dos municípios brasileiros. “A gente veio receber os médicos, pois entendemos que o Brasil e o povo precisam de mais atenção à saúde e, com certeza, estes profissionais vão fazer diferença na nossa região”, declarou Felipe complementando que atitudes racistas e de xenofobia não caracterizam a necessidade do povo.
 


 
“Em nome do prefeito de Petrolina e de toda a equipe da SMS desejo boas vindas aos médicos que passarão a compor nossa equipe de cuidados na Atenção Básica, desta forma ampliaremos mais ainda nossa cobertura de Saúde da Família. Petrolina ‘abraçou’ o programa, pois nosso intuito é expandir o acesso dos usuários aos serviços, e é muito bom contar com novos profissionais com mais de 10 anos de experiência em Residência de Saúde da Família”, afirmou a secretária de Saúde de Petrolina, Lucia Giesta. 
 
Nesta segunda-feira (04) a programação continua com visitas às unidades de saúde, e na terça-feira (05) será realizada uma reunião para apresentação da rede de Saúde do município, às 9h, no auditório da SMS.  
 

terça-feira, 8 de outubro de 2013

OS MÉDICOS CUBANOS EM GUARAPARI: UMA VISÃO HUMANISTA


Ontem fui no acolhimento dos médicos cubanos que estão em fazendo o curso de capacitação em Guarapari.

Vários pontos observei e eles vão frontalmente contra as alegações das entidades médicas do Brasil.

Munidos de documentos, os médicos cubanos abriram suas contas no Banco do Brasil para recebimento de seus trabalhos, eliminando a acusação de trabalho escravo.





Todos os médicos trabalham e continuam com vínculo empregatício nas províncias cubanas de onde se deslocaram para o trabalho humanitário no Brasil.

A grande maioria já tem experiência em ajuda humanitária na América Latina, África e Europa.

A grande diferença entre os médicos cubanos está no modo como é feita a formação e especialização.

Todos os médicos são generalistas (clínica médica ou atenção em saúde básica) e trabalham nessas áreas nas províncias. Quase todos tem uma ou duas especializações (aqui chamadas de residência médica). Conversei com geneticista, oncologista, otorrinolaringologista, cardiologistas, médicos de diagnósticos por imagem, cirurgiões gerais, cirurgiões das mais diversas especialidades, alergistas, fisiatras, gastroenterologistas, nutrólogos, oftalmologistas, resumindo, todas as especialidades existentes no mundo inteiro.

Eles Cuba, eles trabalham como generalistas, vendo o paciente como um todo e também em suas especializações. Todos recebem como generalistas, não pela especialização. Então ocorre que a prevenção vem primeiro, os diagnósticos são iniciais evitando doenças posteriores. 

Isso é o que gera a pirraça dos médicos brasileiros que estão agindo como crianças das quais tiraram seus brinquedinhos preferidos, que no caso é a atenção em saúde básica da população brasileira.

Outra, dizer que Cuba cerceia liberdades na internet como quis mostrar a blogueira que não tem a menor credibilidade em Cuba e sai pelo mundo denunciando a falta de liberdade é uma mentira deslavada. Todos os médicos com os quais conversei tem facebook, twitter e fazem parte de outras redes sociais.

Todos estavam com seus celulares e muitos já adquiriram o chip com o DDD daqui. 

O que os médicos brasileiros entendem como corporativismo, os cubanos entendem como uma missão humanitária.

O coordenador da missão dos médicos cubanos no Brasil o Dr. Joel Antigua, já trabalhou no Brasil no governo de FHC, do partido que está apoiando a birra por conta da reserva de mercado, da máfia dos laboratórios com os médicos brasileiros. Quer dizer, quando vinham cubanos para atender apenas onde lhes interessavam e lhes rendiam ganho eleitoral, podia, agora, quando o Brasil resolve acabar com o problema da saúde básica e do déficit de médicos, isso é ditadura petista. Realmente são muito incoerentes os tucanos e a oposição em geral.

O Dr. Joel Antigua tem vasta experiência de ajuda humanitária na América Latina e África; O Dr. Arnai Albrisa na América Latina e outros na Europa, é muito diversificada a missão humanitária desses médicos.

Com todos que conversei, eles não tem pretensão de concorrer com os médicos brasileiros como as entidades médicas querem fazer crer, mas, apenas levar o direito básico de saúde à população excluída desse serviço.

Muitos deles são casados, com filhos. E o mais interessante: a maioria dos médicos são mulheres, elas correspondem a 60% da missão.

Todos prezam pela igualdade de direitos de gênero e a maior prova disso é a quantidade de mulheres muito superior a de homens.

A maior diferença entre os médicos brasileiros e cubanos é o ideal socialista presente nos nossos irmãos caribenhos, a solidariedade e principalmente o amor à humanidade.

Ontem jantei com os médicos Dra. Tatiana Navarrete e Dr. Arnai Albrisa. São antes de médicos, excelentes amigos. Tenho travado amizade com os cubanos, que sem essa oportunidade do Mais Médicos seria impossível. Uma coisa é visitar Cuba como turista socialista, outra bem diferente é a gente sentar e conversar sobre o dia-a-dia deles e o nosso.

Além de levar a atenção em saúde básica para os excluídos, o intercâmbio cultural é enriquecedor.

O Brasil só tem a ganhar com esses médicos humanistas cubanos. Os grandes perdedores desse intercâmbio cultural e profissional, são os médicos brasileiros que com sua arrogância corporativista e sua xenofobia contra os cubanos, deixam de trocar informações imprescindíveis até para suas especialidades.

Mandei a todos um abraço e as boas-vindas de todos os brasileiros comuns como eu.


XENOFOBIA É CRIME! DENUNCIE! DISQUE 100

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

MENSAGEM DA DRA. BARBARA LEON SÁNCHEZ AOS BRASILEIROS

Dra. Barbara Leon Sánchez e Dr. Arnai Albrisa comigo no aeroporto.


















Tenho ido todos os dias em que chegam médicos cubanos ao Espírito Santo, recepcioná-los no aeroporto com companheiros e o povo capixaba, que está apoiando totalmente a iniciativa do Governo Brasileiro, através do Ministério da Saúde o Programa Mais Médicos para o Brasil.

Nesse contato com outras pessoas que não são militantes como eu, todas dizem que o Brasil precisava de um ato de coragem desse para que todos tenham acesso à saúde.

Hoje, conheci mais sete médicos cubanos e conversei por algum tempo com algum deles.

Todos com quem conversei, tem experiência vasta em países da África, America Latina e outros continentes. São muitos anos de experiência e como verifiquei in loco, não se trata de aventureiros como quer fazer crer os Médicos Brasileiros, interessados mesmo em reserva de mercado e com um corporativismo de fazer inveja aos magistrados.

Os médicos são muito bem preparados e tem uma vontade imensa de cuidar com carinho da população brasileira.

A Dra. Barbara Leon Sánchez, deixou uma mensagem ao povo brasileiro que agora transcrevo:

Esperamos ajudar o povo brasileiro. 
Nós temos um objetivo comum que é dar melhores condições de saúde ao povo brasileiro junto com profissionais brasileiros e de outros países.

Nós sabemos que o povo brasileiro recebe os cubanos de braços abertos.

Cubanos e brasileiros tem mais semelhanças que diferenças. Nós somos irmãos!

Eu quero dizer ao povo brasileiro que nossas famílias ficaram felizes e tranquilas porque sabem que o povo brasileiro defende os médicos cubanos e que que compartilhar com eles.

Nós estamos muito satisfeitos e agradecidos por tomar parte desse projeto para melhorar a saúde do Brasil.

Obrigada!


NÓS É QUE AGRADECEMOS AOS MÉDICOS CUBANOS, tão desprendidos e realmente com vontade de cuidar da saúde do nosso povo.

Quando um médico agride ou coloca em cheque o profissionalismo dos médicos cubanos, ofende não só a eles, mas, todas a população brasileira que apoia totalmente o programa #maismédicos



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Em protesto xinfrin, presidente do CRM renuncia 1 dia antes de terminar o mandato para não registrar médicos estrangeiros!

NÃO ESQUEÇAM ESSA CARA, PRESIDENTE CRM MINEIRO QUE NÃO DEIXOU A POPULAÇÃO MINEIRA TER ACESSO AO PROGRAMA MAIS MÉDICOS
Mais um médico babaca, presidente do CRM mineiro, João Batista Soares renuncia apenas a um dia de acabar seu mandato. Grande palhaço, protestinho xinfirin esse hein... queria ver se fosse no primeiro dia da posse, aí sim, o protesto teria algum objetivo. Quer dizer, isso não é protesto, é obstrução da justiça e esse imbecil deveria ser responsabilizado pelo não cumprimento do registro dos diplomas dos médicos estrangeiros!!!! 
O presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG), João Batista Soares, renunciou ao cargo nesta segunda-feira (30). A renúncia é um protesto contra a decisão da Justiça Federal que obriga a entidade emitir registro a profissionais formados no exterior que atuam, no estado, pelo Programa Mais Médicos. Soares, junto a parte da diretoria, deixa o cargo um dia antes do fim do término do mandato.
Na última sexta-feira (27), a Justiça Federal determinou que o conselho fizesse a emissão imediata de todos os registros provisórios dos profissionais inscritos que já haviam apresentado a documentação exigida pelo governo federal e que estivessem além do prazo de 15 dias de espera. A decisão estabelece multa de R$ 10 mil por dia de descumprimento.

Farmácias, aumentai os estoques de Rivotril!!! Reaças piram com chegada de mais 2 mil médicos cubanos



Farmácias, aumentai os estoques de Rivotril! Os reaças piram com a chegada de mais 2 mil cubanos para a segunda etapa dos Mais Médicos!

Brasília – De hoje (30) até o final desta semana chegam ao Brasil mais 2 mil médicos cubanos para a segunda etapa do Programa Mais Médicos. Hoje, os primeiros 135 profissionais de Cuba desembarcam em Vitória. Na próxima segunda-feira (7), os 2 mil cubanos iniciam o módulo de avaliação que tem duração de três semanas com aulas sobre língua portuguesa e o sistema brasileiro de saúde pública. As informações são do Ministério da Saúde.
Além dos 2 mil cubanos, os 149 médicos com diploma do exterior que foram selecionados para a segunda fase do Mais Médicos iniciam o módulo de avaliação no dia 7. As aulas ocorrerão no Distrito Federal, em Fortaleza, Vitória e Belo Horizonte.
Na primeira fase do Programa Mais Médicos, 400 profissionais cubanos chegaram ao Brasil e passaram por curso de formação e avaliação. A previsão do Ministério da Saúde é trazer ao país, até o final do ano, 4 mil médicos cubanos. Esses profissionais vêm ao Brasil por meio de um acordo intermediado pela Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).
Assim como os médicos com diploma do exterior que se inscreveram individualmente, os cubanos que vêm pelo acordo com a Opas não precisam passar pelo Revalida (Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior) e, por isso, terão registro provisório por três anos para atuar na atenção básica e com validade restrita ao local para onde forem designados.
Edição: Talita Cavalcante
Por: Miguel do Rosário


Por Yara Aquino, repórter da Agência Brasil


terça-feira, 24 de setembro de 2013

A socióloga estadunidense Julie Feinsilver diz que tratamento que os profissionais brasieleiros deram aos cubanos foi desumano


"O tratamento que os profissionais brasileiros deram aos médicos cubanos foi antiprofissional e desumano." Julie Feinsilver






Estudiosa da diplomacia médica cubana, a socióloga estadunidense Julie Feinsilver, formada pela Universidade de Yale, é uma exceção em seu país. Admiradora da medicina praticada no país governado pelos irmãos Raúl e Fidel Castro, ela lançou em 1993 o livro "Healing the Masses" ("curando as massas", em tradução livre), no qual abordava o modelo implantado na ilha.

"Acho condenável os médicos brasileiros assediarem os cubanos, que foram para o seu país ajudar os mais pobres entre os pobres", disse Feinsilver em entrevista, por e-mail, ao 
UOL. "Houve protestos por parte de algumas sociedades médicas por causa de um medo infundado: a concorrência." Hoje, tanto o livro como artigos da socióloga se transformaram em referências para quem quer se aprofundar em medicina cubana. Feinsilver, que vive em Washington, já contou em entrevistas que teria sido vigiada pela CIA e FBI, com direito a telefone grampeado.
UOL - No Brasil, o salário de um médico cubano que participa do programa Mais Médicos será de R$ 10.000, ou cerca de US$ 4.000. No entanto, 85% desse valor vai para o governo cubano. Cuba sempre faz esse tipo de acordo?

Julie Feinsilver - Sim, o governo oferece educação gratuita e muito mais para os médicos, e atua como um headhunter encontrando os postos de trabalho e gerenciando a contratação. Em um país capitalista, os profissionais pagariam impostos por todos os serviços e necessidades sociais básicas fornecidas, além de uma taxa para o headhunter. Não é razoável que o governo cubano negocie um acordo que seja bom para ele e para os médicos?

Em relação à porcentagem real de dinheiro no contrato com os médicos cubanos, não sei se 85% é a parte do governo. Falo baseada no caso típico em que o governo recebe a parte do leão. Um amigo me informou que o Brasil tem uma lei de transparência que torna pública a informação dos salários (Lei Complementar 131, também conhecida como Lei da Transparência, sancionada em 2009 e que obriga a União, os Estados e municípios com menos de 50 mil habitantes a divulgarem seus gastos na web), o que eu acho uma excelente ideia. Infelizmente, isso não é comum na maioria dos lugares e, em alguns casos, pela própria lei, essa informação fica "escondida", ou seja, não é fácil de ser encontrada.

UOL - Sabe qual é o salário médio que os médicos recebem em Cuba e em outros países?

Feinsilver - Não há uma média. Salários dependem do acordo feito entre governo e o país interessado. No entanto, os salários em Cuba são muito baixos porque toda a educação e cuidados de saúde são gratuitos e o restante é altamente subsidiado. Isso não quer dizer que tudo seja maravilhoso em Cuba. Não é, mas os custos beiram o insignificante para necessidades muito básicas. Você não pode comparar preços, salários e custos em Cuba aos de qualquer outro lugar. Toda economia de lá é diferente da dos países capitalistas.
  • Divulgação
    "Healing the Masses", livro no qual a socióloga explica o modelo de medicina cubano; a obra é inédita no Brasil
UOL - Como o governo cubano repassa o dinheiro para os médicos? É possível monitorar se eles estão repassando os valores corretamente?

Feinsilver - Seus salários são pagos para suas famílias em Cuba com bônus por estarem no exterior, e o adicional é pago a eles no país onde estão, mas eu tenho sérias dúvidas de que isso possa ser monitorado. O governo brasileiro ou empresas brasileiras permitem que estranhos monitorem como pagam seu próprio pessoal? Eu duvido. Então, por que esperar que os cubanos façam isso?
UOL - Aqui no Brasil, os médicos cubanos vão trabalhar nas regiões mais pobres e remotas, onde os profissionais brasileiros não querem ir por falta de estrutura no local. Essa diferença foi vista no Brasil, por opositores ao programa federal Mais Médicos, como uma forma de exploração de médicos cubanos. Você concorda com essa afirmação?

Feinsilver – Não. Cubanos têm uma ideologia muito diferente da dos brasileiros. Eles se voluntariam para ir a áreas remotas e carentes em outros países e consideram um dever servir no exterior e ajudar os necessitados. Ganham muito mais dinheiro e obtêm vantagens fazendo isso, apesar de parecer um ganho muito baixo para os brasileiros. Claro que também estão altamente motivados pelo dinheiro extra e benefícios que receberão prestando serviço internacional.

Queria salientar que sua formação ideológica, desde a infância, é muito diferente da de pessoas de países capitalistas. No entanto, isso não significa que eles não estão interessados em ganhar muito mais dinheiro, principalmente porque nas recentes reformas econômicas (os cubanos gostam de chamar de "atualização de sua economia"), os médicos ficaram em desvantagem se comparados às pessoas que trabalham no turismo, área na qual gorjetas e ganhos em moedas fortes são comuns.

Missões no exterior ajudam a nivelar as condições de igualdade para eles, mas com grande sacrifício pessoal, pois deixam o seu país e os seus entes queridos para viver em condições ainda mais modestas e, por vezes, muito pior em outros países onde servem os pobres. Motivação ideológica dos médicos (saúde é um direito humano básico para todos) fornece uma justificativa importante para esse sacrifício, assim como o dinheiro que ganham.
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    "Cubanos têm uma ideologia muito diferente da dos brasileiros", diz a socióloga
UOL - As principais entidades médicas brasileiras são contra a vinda de médicos estrangeiros, especialmente os cubanos, por serem a maioria, pois não vão fazer a mesma avaliação exigida aos que estudam fora para exercer a medicina no Brasil. Concorda com esse argumento?

Feinsilver – Não, médicos cubanos vão trabalhar em áreas carentes, onde a população tem necessidades básicas de saúde e pode ser mais do que adequadamente tratada por eles. A formação e o treinamento dos cubanos são diferentes das dos brasileiros (e de profissionais de outros países) porque junto com a medicina curativa, estudam e enfatizam a atenção primária, a prevenção de doenças e epidemias e a promoção da saúde. Eles avaliam o paciente como um ser vivo bio-psico-social e trabalham em um ambiente específico que também deve ser avaliado para melhorar a saúde da população.

UOL - Médicos cubanos foram perseguidos em outros países?

Feinsilver – Não! Eu acho condenável os médicos brasileiros assediarem os cubanos, que foram para o seu país ajudar os mais pobres entre os pobres. Eles [brasileiros] podem protestar para o seu governo, mas o tratamento que deram aos médicos cubanos foi antiprofissional e desumano. Houve protestos por parte de algumas sociedades médicas por causa de um medo infundado: a concorrência. Porém, os médicos locais se recusam a trabalhar onde os cubanos estão dispostos a ir: as áreas remotas e os bairros pobres.

UOL – O que motivou a senhora a estudar a medicina cubana?

Feinsilver – Vi as desigualdades dentro e entre os países enquanto pegava carona ao redor da América do Sul e Europa, muitos anos atrás. Isso me levou a estudar o que, na época, era um experimento social fascinante. E a saúde universal grátis era uma parte importante dessa experiência. O fato de um país pobre e em desenvolvimento decidir ajudar outros países prestando serviços de saúde gratuitos aos pacientes foi muito impressionante e esse é o tipo de ajuda externa que muitas nações mais desenvolvidas poderiam proporcionar.
UOL - O que atrai sua atenção na medicina cubana?
Feinsilver - A vontade e a capacidade de compartilhar seus conhecimentos e habilidades, da atenção primária à evolução do desenvolvimento da biotecnologia (devacinas e tratamentos) e transplantes de órgãos sofisticados, entre outros, a populações carentes de outros países. Além de fornecer gratuitamente educação médica para dezenas de milhares de estudantes pobres do mundo em desenvolvimento desde 1961, apesar de ter perdido metade de seus próprios médicos à emigração logo após a revolução (1959).

UOL - Como foi sua experiência como consultora na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz)? (A socióloga morou um período no Brasil em 1996.)

Feinsilver – Foi maravilhosa, porém, eu só fiz uma breve consultoria, muitos anos atrás. Os executivos e cientistas que conheci eram altamente qualificados, muito bem educados, trabalhadores, pessoas dedicadas, além de serem interessantes e agradáveis para se trabalhar em grupo. Eu ficaria feliz em fazer outra consultoria se surgisse uma oportunidade.

UOL – Lembra-se do que viu aqui e de como era a saúde quando nos visitou?

Feinsilver - Lembro-me muito do Brasil, pois quando fui consultora da Fiocruz não foi a única vez que eu estive aí. Na verdade, eu peguei carona por todo o país, inclusive para Manaus, muitos anos antes e até assisti a algumas conferências. Também já passei férias aí.

No que diz respeito à saúde, lembro-me de muitas áreas com necessidades de melhoria  e de médicos de classe mundial no Rio de Janeiro e em São Paulo. Eu não posso falar sobre todas as cidades, mas tenho certeza de que muitas tenham igualmente bons médicos... se você puder pagar por eles.

Fonte: Portal Notícias Uol